sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Meu funeral

Pensando em morte, em como quero estar no dia do meu velório: vestida em um singelo vestido branco; os cabelos ondulados postos sobre meus ombros; a franja levemente caída sobre minha testa; uma flor entre meus cabelos, demonstrando o meu amor pelas flores, pelas cores, pelos aromas, pela vida, dedicando aquela flor a todos que amei e com certeza vou amar além da vida; entre meus dedos aquele rosário de madeira que levo sempre em meu estojo, as vezes na bolsa; nada de crisântemo ou margaridas, gosto mesmo de tulipas, lírios, rosas, flor de laranjeira, de cerejeira, e outras mais, simples, belas...
Se lembrar cante pra mim algumas músicas, nada de sertanejo, por favor, cantem músicas alegres, tristes, algo que os faça lembrar de mim, sim sim e sorrir, ouvir e lembrar do quanto eu fui feliz ouvindo com você aquela canção, do quanto dançamos e berramos alegremente versos daquela canção. Ah, recitem um poema pra mim, gosto tanto de poemas; lógico, não pode faltar um trecho da obra de Caio F. Abreu, vocês sabem o quanto sou apaixonada por ele, recitem outro qualquer, tudo que é arte me enche de alegrias, e estejam certos que eu partirei calmamente e me sentindo amada.
Adoraria um caixão rosa, seria lindo.
Enfim, partirei. Quando? Não sei, provavelmente breve. Saibam que amo vocês e sou grata por cada minuto de alegria, por compartilharem comigo alegrias e tristezas, nervosismos e risos. Obrigada por existirem em minha vida. Fica aqui um texto lindo adaptado por um grande-recente-velho-amigo.

Funeral Blues - W. H. Auden
Pare os relógios, cale o telefone
Evite o latido do cão com um osso
Emudeça o piano e que o tambor surdo anuncie
a vinda do caixão, seguido pelo cortejo.
Que os aviões voem em círculos, gemendo
e que escrevam no céu o anúncio: ela morreu.
Ponham laços pretos nos pescoços brancos das pombas de rua
e que guardas de trânsito usem finas luvas de breu.
Ela era meu Norte, meu Sul, meu Leste e Oeste
Meus dias úteis, meus finais-de-semana,
meu meio-dia, meia-noite, minha fala e meu canto.
Eu pensava que o amor era eterno; estava errado
As estrelas não são mais necessárias; apague-as uma por uma
Guarde a lua, desmonte o sol
Despeje o mar e livre-se da floresta
pois nada mais poderá ser bom como antes era. 

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