segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Parada

Parada da avenida Tomás Gonzaga com a Getúlio Vargas ela espera o amor chegar, talvez ele apareça ou talvez não, ninguém forneceu qualquer garantia, aliás ela entrou na vida desprevenida e pronta para os mais diversos desafios. 
Ele está longe, parado em frente ao computador, agora ele ouve Jack Johnson e pensa no último beijo que deram, do encontro dos corpos em um forte abraço, da melodia que cantava enquanto olhava nos olhos dela que brilhavam. Marcos conseguia ver a lua nos olhos de Fernanda, a memória trabalhava como num filme em preto e branco, um flash back de cada momento juntos, de cada brincadeira, do banho de chuva, das brigas descontroladas, que acabavam sempre nos melhores beijos e de cada toque suave que produziam arrepios e contrações em seu estômago. 
Fernanda relembra as caminhadas noturnas com suas mãos entrelaçadas as dele, das danças, risos, lágrimas e das conversas que tinham. Se isso faz bem ou mal à sua memória, tanto faz, ela ainda não consegue colocar seus pensamentos em ordem, apenas vai vivendo intensamente aquele instante enquanto caminha. No fundo da sua mente a única pessoa que reside e perturba animadoramente suas ações e reações é Marcos. 
Um pensa no outro, mas eles estão distantes fisicamente, dançando sozinhos. Uma imagem triste se forma na frente dos dois, é como se um pudesse ver o outro, tudo isto fazendo com que eles sintam ainda mais a necessidade um do outro, é agonizante, uma tortura pra quem assiste de longe, impossibilitados de dizer aos amantes que amor ainda existe, é forte, contagiante e deprimente em cada episódio que segue e somente os afasta. 
Agora ambos estão cansados, uma da inútil espera, o outro da falta de coragem. Marcos levanta e decidi tomar uma atitude, chegou o momento de desapegar-se das amarras do passado, seguir em frente, permitir-se ser feliz ao lado de alguém que gosta e é correspondido. 
O portão da casa dele fica aberto e ele sai apressado, decidido a amar e ser amado. Na sua corrida rumo ao ouro, a mulher de ouro ele passa pelo cruzamento das avenidas Tomás Gonzaga com a Getúlio Vargas e não vê sua amada Fernanda, vai até a casa dela e chama pelo nome que mais parece tema de uma canção, ela não atende. Ela está lá dentro ouvindo seu nome pronunciado naquela melodia de voz, o telefone dela toca, ela não atende, mensagens chegam a sua caixa de entrada, todas são lidas e apagas involuntariamente. 
Cansada, era o fim, ela estava cheia daquele amor vazio, de mão única, não precisava viver novamente aquele sofrimento para aprender o que era melhor para ela, talvez dessa vez ele realmente tivesse descoberto que ela era o amor da sua vida, mas ela não estava disposta a esperar qualquer coisa dele além do esquecimento.
Agora ela quer somente  a sorte de um amor tranquilo com sabor de fruta mordida.