quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Do olhar carinhoso

O moço era bonito, tinha cheirinho de hortelã quando falava e a cada palavra empolgada parecia que suas mãos sairiam voando por aí a indagar, cutucar, beliscar e abraçar. Assistir o espetáculo de sua existência tornara-se o passatempo predileto da menina, que se empolgava junto a aquela figura singular, sem palavras, ruídos ou cantarolamentos, apenas o silêncio de um olhar enamorado, que fazia com que os sons se diluíssem no ar e somente a imagem ficasse presa em seu olhar. Se era amor ela ainda não sabia e nem queria que o fosse, gostaria apenas de desfrutar cada momento ao seu lado, rir daquele riso, dançar naquele abraço e beijar os lábios de hortelã. E a cada dia a rotina se repetia, olhava o celular, esperava uma mensagem, um "oi", um "quero te ver", ou simplesmente uma carinha lhe sorrindo, piscando, ou até mesmo um pequeno trecho de música, qualquer coisa que terminasse ou começasse com "Minha menina". 
Dia após dia, paqueras trocadas, brincadeiras e confidências, pequenos gestos que lhe faziam sorrir, porque a paquera era fase mais gostosa para a menina e ainda que tudo resultasse em nada ela estava feliz, porque era naquele sorriso que residia seu olhar e daquele olhar de homem-menino transbordava esperança e vontade de voltar a amar.