terça-feira, 21 de junho de 2011

Enfim, sem nós

Depois de tantos tropeços, tantas dores, tantos afagos e carícias, não necessariamente nesta ordem, ver-te não foi nada complicado.

Luiza descia alegre pela rua, leve como seu vestido branco, radiante como seu sorriso e iluminadando felicidade pelos gestos, de repente algo a fez mudar de expressão, continuava alegre interiormente, mas o coração previa a chegada de um rapaz. Ela estava apressada, pois ainda tinha muito para fazer, então começou a resolver tudo o que estava pendente e que poderia ser resolvido naquela rua. Passou pelo banco, lojas, lojas, conversou com um conhecido que há muito não via e procurou inutilmente entre as pessoas a sua maior pendência naquela rua, não viu.
Sua expressão se fechou, indícios de nervosismo começaram a aparecer, toques, necessidade louca de ouvir uma música, desejo por chocolate, busca por um lugar tranquilo, nada resolvia, nada era possível, nada acontecia.
Na volta para casa, quando abria a porta viu que um carro acabara de dobrar a esquina, era ele, sempre ele. José a olhou fixamente através do vidro do carro, parecia que ele queria sair e correr ao seu encontro, mas nada disso aconteceu, ele apenas a cumprimentou com um aceno e estacionou o carro, quando ele iria sair Luiza fechou a porta de sua casa, uma porta simples de madeira, mas que naquele momento representava mais, representava também um coração fechado para aquele rapaz, não por medo, prevenção, ou ódio, simplesmente fechado para sentimentos amorosos tolos.
Há algum tempo ela já sabia que tudo havia acabado, mas há sempre o medo de rever e desejar reviver, porém desta vez e para sempre aquele tormento teve um fim, sem dores, sem emoções, sem carências, necessidades afetivas, corporais. Sem nada, sem mim, sem ele, sem nós, sem nós, sem nós. Nunca estas palavras foram tão insignificantes: SEM NÓS!