terça-feira, 29 de setembro de 2020

 Depois de muitos agostos introspectivos me veio uma vontade repentina de escrever. Talvez seja a pandemia e sua insistência em ressaltar aos meus olhos minhas vulnerabilidades e total incapacidade em lidar com elas, pode ser que uma live da Ana Carolina tenha resgatado meus sentimentos íntimos e secretos, ou apenas uma vontade louca de gritar para o mundo sem me preocupar com os julgamentos alheios. 

Embora esta plataforma ainda esteja disponível ao público, mas considerando seu abandono nos últimos anos, decidi compartilhar aqui alguns devaneios, seja como um diário secreto e enterrado, ou como um grito para que alguém me ouça e decida compartilhar seus comentários e visões para me tirar desta posição fetal e infrutífera.

Hoje a grande questão é a confiança, o quanto compartilhamos sonhos e memórias e paralelamente depositamos nosso carinho e expectativas, seja de amor de família, amigos ou até mesmo aquele tido como romântico. Vivemos em fases completamente instáveis e as amizades juradas eternas deixaram de existir. Ainda que o carinho seja eterno, a cumplicidade se foi e há sempre alguém culpando o outro lado, quando nenhum deles percebe que vimos o barco se distanciar, afundar e nunca fizemos um mísero esforço para salvar a pessoa querida. Culpamos o ego, o outro por nunca mandar uma mensagem, porém não percebemos que sequer ligamos ou tentamos impedir o fim de uma amizade e/ou de um relacionamento.

Na realidade não é que nossa amizade acabou definitivamente, é que cansei de remar sozinha, esperar notícias e ser culpada pelo furo no bote, localizado logo abaixo do seu dedo indicador.

Fiquei pensando no quanto gostaria de ter certas pessoas ao meu lado hoje, mas entendi que estava segurando uma urna, vivendo de lembranças e sofrendo por um peso que carreguei sozinha e que por mais que eu queira a certeza desta amizade novamente, não vale a pena o risco de uma nova cicatriz. 

Falo da amizade pensando em você, não pense que não lhe serve, é uma dor seca que impulsiona cada letra aqui contida. A mágoa emergiu e estou me permitindo curti-la, senti-la da maneira mais suave, intensa e invasiva, tudo isso para que eu contemple meus sentimentos e supere cada um deles. Ou apenas não me permita esquecer do quão cruel você foi pra mim.

Eu receberia e te apoiaria nos piores cenários, felizmente eu ainda capto energias positivas e faço questão de manter  e estar disponível para viver e acolher cada uma. Obrigada por me ensinar a reconhecer. Seja feliz!

Adeus, 

Luiza

terça-feira, 27 de agosto de 2019

Me liberte

Para ler ouvindo:  Love on the brain

Você chegou como um sonho bom, eu precisava de você, precisava de alguém para me sentir mais mulher, desejada, amada, menos objetificada, sei lá, logo eu menina mulher, metida a empoderada (nem conhecia esta palavra), queria me sentir respeitada socialmente.
Você invadiu meu mundo, entrando em cada artéria, preenchendo todos os espaços, conquistando meu coração, minha família e amigos. É...você de fato é mais legal que eu, mais inteligente, cozinha melhor, domina mais assuntos. Você dançou comigo rodopiando o salão, sorri, delirei, fiquei tão envolvida que parei de gostar de dançar, nunca mais seria tão bom.
Você era o cara perfeito, mas eu não nunca fui boa o suficiente. Você dizia que eu era a mulher da sua vida desde o primeiro mês, mas esqueceu de contar em qual setor da vida eu me encaixava. De fato eu era bonita, engraçada, inteligente, conseguia habitar em todos os ambientes com facilidade, uma mutação que eu não percebia doer tanto, eu não entendi que estava me moldando pra você e neste processo perdia um pouco de mim a cada encontro.
Você tentou controlar minha roupa, não conseguiu. Você tentou afastar meu amigos, também não conseguiu. Você tentou seduzir minha família dizendo ser o melhor cara pra mim, não conseguiu. Você tentou ensinar a me comportar, não conseguiu. Você tentou mostrar que você era o certo, conseguiu.
Eu sem perceber mudei meu estilo,roupas, cabelo, maquiagem, até o batom. Eu estava feliz usando somente as cores de esmalte que você gostava, eu entendi que a sua opinião era importante pra eu me sentir bem.  Eu comprava o que você deixava, esperava um elogio,  como um cachorro espera um biscoito depois de rolar no chão do jeito que o "papai" pedia.
Eu mando em mim, não permito que homem nenhum impere sobre mim, não levo desaforo, não escondo minha personalidade, não aceito ser diminuída por ninguém, porque não há mais vida em mim.
Deixei de me amar, de me cuidar, nunca mais parei pra me admirar no espelho, fugia de reflexos que deturpavam a minha imagem. Vi minha vida projetada na sua, não vi você em mim. Parei de ler, de ouvir e escolher músicas, não quis mais estudar, porque sou mulher pra casar, nasci pra isso, não preciso de mais nada pra me autoafirmar.
Milhares de dias depois comecei a surtar em silêncio, culpa minha, porque sou fraca. Não pedi ajuda. Não, eu não sou posso ser veraneável. Ninguém percebeu a minha agonia. Numa noite quente senti o calor derreter minhas entranhar, tive crises de choro, raiva, ódio, ira...de mim. Eu me agredi, eu quis jogar o carro contra um caminhão, quis tirar a dor, o nó na garganta. Cheguei em casa transtornada, ainda em crise. Ninguém viu. Alguém sentiria minha falta?
Apareci machucada, escondi por uns dias, quando viram inventei a mentira mais idiota e ninguém questionou, sequer ligaram. Quem eu era?
Permaneci onde estava, o mundo começou a mostrar mensagens que doíam, vi vídeos que pareciam a história de alguém que eu desconheço. Tentei provar pra mim que o universo estava errado, fui conversar e implorar amor, não recebi. Fui ferida no lugar mais profundo, sem nenhum toque, foram as palavras que tanto amo que me destruíram. Talvez por isso eu me pego odiando a fala, porque não tenho forças pra dominar.
Onde estou? Aqui, no mesmo lugar. Por que não ainda não parti? Porque eu amo, porque eu acredito no meu final feliz, porque eu sou amada. 
Nem eu não acredito no que digo. Talvez você que leia também não, mas eu não sei sair, não sei se consigo viver se sair, pelos menos aqui eu ainda sobrevivo. Seria eu a caça ou o caçador?




A história poderia ser minha, tua, de uma amiga e de tantas outras pessoas que em algum momento da vida sentiram que o amor (próprio) lhe foi tirado. Você é a pessoa mais incrível que eu pude encontrar hoje. Obrigada por existir, por não desistir.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Hoje é dia de saudades

Hoje sinto saudades, não uma saudade de um tempo bom, de uma cidade interessante, de um perfume que traz boas lembranças. Hoje sinto saudades que possuem nomes específicos, sorrisos especiais, vozes que tento enlouquecidamente ouvir, carinhos tão sutis que enquanto olho para o céu espero sentir. Talvez suas mãos venham acariciar e fazer cafuné em mim, dos abraços ainda sinto cada toque e a intensidade deles em seus mais diversos momentos. Sinto falta de uma ligação, um grito, mensagem, de alguém vindo pedir café, de alguém que realmente segure minhas mãos e me tranquilize, faça com que me sinta segura novamente. Não há um buraco, um vazio, uma incompreensão, há apenas desejos e memórias que insistem em me acompanhar. Queria não ver vocês em cada pessoa, queria não esperar o afago que nunca mais virá, queria não tentar ligar ou escrever mensagens e depois apagar, pois não há mais destinatário, provavelmente nem remetente. Eu queria um nós mais uma vez, sem lugar específico, apenas reencontrar, deitar e conversar por horas enquanto os dias caminham  e vocês permanecem no meu abraço pra ter a certeza que um "até breve" não irá nos separar.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Não...não!

Para ler ao som de Não me compares

O som da sua voz parecia distante, o número que nunca mais havia ligado acordou-me com tanta intensidade que até agora estou tentando acalmar meu coração. Enquanto olho para o celular procuro encaixar cada palavra que foi dita de uma maneira tão feroz e intensa que saíram entrecortadas, despejadas como cachoeira atingindo diretamente meu coração.
Depois de tanto tempo entender seus olhos e as lágrimas de ódio e tristeza que se fundiam numa melodia triste ao tocar minha pele... Não, eu nunca senti por ninguém o que sentia por você, nunca mais deixei um sentimento ser corrosivo. Sim, ainda me pego relembrando nossas memórias.
A chuva de hoje limpou o ar e os caminhos que tomamos, agora entendo suas razões e minhas perdições.

 Sempre pedi que não me procurasse, que nossos caminhos não voltassem a se encontrar, porque eu sabia que nessa hora meu coração se perderia e a confusão da sua vida viajante atrairia meus passos. Não diga que sente falta do meu toque, que ninguém sabe demonstrar amor como eu, não mencione nossas noites de brigas e pazes intensas, não retorne para minha vida se não for para ficar. Sou culpada por ter sentido sua falta e desejado seus lábios, seus abraços, seus laços, suas ligações inesperadas e principalmente por ser tão frágil a ponto de ter uma vida abalada por sua espera.
NÃO,  não deseje me abraçar, não diga que me ama, não volte... Quem não soube permanecer não tem o direito de voltar. Não...não!

Com toda força e amor,
Luisa

PS: Palavras ainda confusas por seu confuso retorno.

domingo, 9 de novembro de 2014

Entre vinhos e lembranças

O entardecer traz consigo um brilho alaranjado no céu, rajadas de cores e explosões de sentimentos perturbam os olhares mais atentos. Entre uma cor e outra seus olhos adentravam aquele labirinto e lá se perdia entre pensamentos, sentimentos e delírios. Sentia-se como uma Alice, perdida entre o real e o imaginário, era certo apenas que ali estava e o único caminho para sair era o autoconhecimento. É preciso enfrentar os minotauros e Rainhas de Copas sozinha antes que floresça para o mundo lá fora.
Enquanto caminhava pelos vales percebeu que em todas as árvores o mesmo quadro aparecia, era a sua memória mais bela e justamente por ser tão bela trazia a sua boca aquele gosto ácido, acidez tão forte que lhe causavam náuseas e tonturas.
Expliquem como puderem, da maneira que mais claro for o motivo que leva um sentimento tão bonito e pura deixar de ser, deixar de existir, passar a ser um simples, porém intenso vento no resplandecer da memória.
Seu sopro ainda ascende meus olhos, ainda faz com que eu sonhe com nossos últimos encontros e beijos, a loucura desesperada pelo reencontro de nossos lábios, do meu toque e seu sorriso. Tudo é memória, vivida, revivida, louca e seduzida. Não quero que nossos momentos saiam de nossas memórias, quero apenas que essa história continue eternizada na caixinha secreta da mente, reprimida e somente relembrada quando o coração pede risos secretos ao som de um bolero embriagado, de coração dilacerado.
Cheers!!!