quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Das ausências que passam

De repente um trecho de Teatro Mágico não saía da minha cabeça "e tua ausência fazendo silêncio em todo lugar". Como tudo muda pela ausência de um simples detalhe, que por muito tempo não existiu e se fez presente por pouco tempo?
Olho por onde ando, com quem ando e nada  faz muito sentido, talvez porque no fundo eu só queria a tua presença ao meu lado. Teu olhar bobo, seu sorriso desajeitado, seu jeito meigo, seus braços, seus abraços, seus toques, seu cheiro, tua voz.
E sua voz? Há tanto tempo que não a ouço, sinto saudade de cada nota pronunciada por seus doces lábios.
Sinto saudade de tudo aquilo que nunca foi e nunca será meu.
Odeio o fato de sentir tanto a falta do seu jeito seguro e marrento. A sua imponência idiota, sua prepotência, a arrogância, detalhes que conseguiam me deixar levemente irritada, porém cada vez  mais odiosamente encantada.
É triste saber que enquanto escrevo estas mal traçadas linhas, um desabafo solitário, a saudade vai aumentando e cada palavra escrita ao invés de amortecer e fazer esquecer, só forçam os músculos da minha boca a sorrir. Incrível como eu abomino ser apaixonada por tudo aquilo que tanto odeio em um homem.
Pra falar bem a verdade, eu nem sei porque escrevo, pra que escrevo, pra quem escrevo... porque sei que meu interlocutor esta longe do meu caminho, dos rastros que deixei e que cuidadosamente busco apagar a cada dia. Me dói a sua ausência que se faz presente e preenche todos os lugares da minha mente, mas me dói ainda mais ver o amor passar, mesmo que aos poucos, e perceber que você foi incapaz de arriscar nesse jogo da paixão. Sinto em informar-lhe, mas suas chances chegaram ao fim.
Fim de linha pra você! Começo, novo, de novo pra mim!

domingo, 3 de novembro de 2013

Abra devagar, mas abra agora!

Você chegou manso, olhar baixo, olhos pequenos e vazios, contudo, traziam uma grande confusão. Eu ali encostada na árvore olhando para a grama que buscava vida no meio do concreto das ruas. Eu era aquela pequena florzinha, um nada na imensidão da cidade, porém ganhava vida com o olhar atencioso e observador de alguém especial que insi
stia em me conhecer. Assim te conheci.
Seres diferentes, opostos de tão parecidos, intensos e receosos, flores "dama da noite" que só os escolhidos podem contemplar o desabrochar  e sentir o perfume exalar e penetrar pelos poros. É assim que me sinto quando te tenho perto, desabrocho para você, o toque dos corpos, o aroma que emerge da mistura de nossas fragrâncias me embriaga, sua presença me dá confiança e desperta o que eu já nem sabia que ainda fazia parte de mim. Me descobre, me desvenda, me conquista, me seduz, me faz e desfaz.
Sem saber ao certo o que dizer ou onde tocar, visto que seus últimos toques me feriram e me fizeram repensar a lista de prioridades onde eu te encaixo e onde você me coloca. Suas palavras doíam, não por serem rudes, mas por trazerem uma esperança que eu tenho medo de agarrar e acreditar. A cada cinco frases suas uma vinha com uma das palavras que mais gosto de ouvir pronunciadas pela sua boca: Minha!
Hoje acordei pensando em você, na sua última mensagem de ontem à noite e foi impossível não sorrir, eu erro, você erra, eu finjo não ver que você é apaixonado por mim e procuro loucamente não cair e me entregar a esse amor louco.
Por mais que eu tente, já não consigo mais evitar, estou contando os minutos para a tarde chegar e com ela você, seu toque malicioso e ao mesmo tempo respeitador, seus afagos e carícias que me derretem, sua presença única. Chegue! Chegue, logo. Venha andando bonito, sorridente e me abrace forte, me pegue no colo e não solte mais, diga que sou sua e me peça pra ficar em sua vida, que eu juro não sair jamais. Mas só te peço uma coisa: cuide desse sentimento e não seja lago, mas sim oceano, para mergulharmos juntos na imensidão da noite que cobre nossos corpos.

Cofessando todo meu amor,
Luísa

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Um ao outro

A respiração dela ficava ofegante quando sentia o toque dele, o coração acelerava o ritmo ao som da música ao fundo, ela sabia que toda a insegurança que tivera até então havia desaparecido. Ele tão sensível fingia-se de forte diante daquela garota que brilhava para ele, pouco a pouco ela compreendeu que Fernando tinha mais medos que ela, que sucumbia de desejo de tocá-la e por insegurança, talvez, mostrava-se pouco a pouco. Ela adorava perceber que naquele rapaz havia muito mais para conhecer, sentir e descobrir junto dele o que de fato procuravam: um ao outro.
Ele queria saber de onde vinha aquele sorriso, aquele olhar que trazia a sua paz de volta. E mesmo quando estavam perdidos no meio da multidão um sabia onde encontrar o outro. Quem disse que eles não poderiam ficar juntos? Foi uma longa, difícil e divertida jornada até voltarem a tocar a mão um do outro, permitirem-se lembrar do gosto que ambos tinham quando ficavam juntos.  Não havia como negar, de repente o rosto reluzia e transparecia o que sentiam, palavras faltavam, mas um via no outro aquilo que a linguagem verbal era incapaz de dizer.
Brigas, orgulhos e egoísmos afastaram por tanto tempo o coração dos dois... Depois de tantos caminhos e descaminhos nunca foi tão bom sentir-se abraçada por aqueles olhos que se fechavam com os sorrisos que dançavam juntos, e nesta dança ela percebia que ele a fazia sentir-se viva em meio a escuridão daquela noite fria. Um toque e uma canção e eles foram levados para seu paraíso, era "como se houvesse entre aqueles dois, uma estranha e secreta harmonia."

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Do olhar carinhoso

O moço era bonito, tinha cheirinho de hortelã quando falava e a cada palavra empolgada parecia que suas mãos sairiam voando por aí a indagar, cutucar, beliscar e abraçar. Assistir o espetáculo de sua existência tornara-se o passatempo predileto da menina, que se empolgava junto a aquela figura singular, sem palavras, ruídos ou cantarolamentos, apenas o silêncio de um olhar enamorado, que fazia com que os sons se diluíssem no ar e somente a imagem ficasse presa em seu olhar. Se era amor ela ainda não sabia e nem queria que o fosse, gostaria apenas de desfrutar cada momento ao seu lado, rir daquele riso, dançar naquele abraço e beijar os lábios de hortelã. E a cada dia a rotina se repetia, olhava o celular, esperava uma mensagem, um "oi", um "quero te ver", ou simplesmente uma carinha lhe sorrindo, piscando, ou até mesmo um pequeno trecho de música, qualquer coisa que terminasse ou começasse com "Minha menina". 
Dia após dia, paqueras trocadas, brincadeiras e confidências, pequenos gestos que lhe faziam sorrir, porque a paquera era fase mais gostosa para a menina e ainda que tudo resultasse em nada ela estava feliz, porque era naquele sorriso que residia seu olhar e daquele olhar de homem-menino transbordava esperança e vontade de voltar a amar.