domingo, 3 de julho de 2011

Mudanças

Instável, fragilizada, ansiosa, apreensiva, angustiada, cheia de devaneios. Era assim que ela se encontrava, não se encontrava, tinha a terrível certeza que se perdera em algum lugar, mas onde? Parada em frente a multidão, olhando as faces, jeitos  e analisando como tudo ali estava tão normal, exceto ela. As pessoas continuavam as mesmas, com algumas exceções importantes, mas a maioria não, era ela a diferente, não sabia se exteriormente também, só tinha a certeza de que interiormente as mudanças foram grandes. 
Onde andarás Luisa? A docilidade, fragilidade, timidez e a ingenuidade ainda estavam ali, escondidas em um canto escuro e abafado, em que momento de sua vida ela as  colocara lá? De repente ela não se reconhecia  mais. Talvez fosse o açúcar em excesso que tenha a amargado tanto ou a feito docilmente suave; a insistência pelo calor provavelmente a gelou ou a deixou mais resistente; a preferência pela chuva a fez mais seca ou simplesmente mais segura. Devagarinho as questões foram surgindo, as possíveis respostas também, mas Luisa(?) agora não aceitava os motivos, queria fugir, se esconder, perecer ao som de um blues e quem sabe mais tarde quando acordar e começar seu ritual abrir-os-olhos-olhar-se-no-espelho-sorrir, finalmente pudesse se encontrar. 
Mudanças boas, ou ruins, é necessário um balanço antes de qualquer conclusão precipitada. 
Deve ser a idade, novo olhar, novas perspectivas, novos gostos, novos sonhos, outros nem tanto...mas a essência, a fragilidade, a força, a audácia, o medo, a ânsia por uma vez mais... ainda estão aqui.
Me reencontrando, me redefinindo, sendo mulher!


"As pessoas têm medo das mudanças.
Eu tenho medo que as coisas nunca mudem."
Chico Buarque

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