terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Ela não acreditava mais

Começou por onde não deveria começar ao invés do típico "ADEUS" disse-lhe logo um "EU TE AMO", categórico. Gritava, berrava para que todos os móveis daquela casa pudessem ouvir e até as pobres pessoas que atravessavam a rua, dizia que o amava demais, que era idiotice continuar vivendo de aparências, não aguentaria mais 7 anos de um namoro fracassado.
Apesar de viverem tanto tempo juntos, de postarem inúmeras fotos lindas das viagens, passeios, piqueniques, abraços e beijos no orkut, na realidade ela se sentia uma fracassada, inútil, por amar tanto um rapaz que não correspondia à metade dos sentimentos que ela lhe devotava. Era o fim, era o adeus final, finalmente, infelizmente, ela ainda não sabia como definir, mas sabia que não havia mais meios de tentar fazê-lo sentir o mesmo amor que ela sentia.
A garota percebera enfim, que o amor não é um sentimento que pode ser imposto, que apesar de grande não suporta tudo, era insuficiente para os dois, por mais que ela há tivesse dito em algum momento da vida deles que o amor dela era tão grande que dava para os dois, que era sem fim, que precisava apenas dele, ainda que fosse da matéria, do corpo dele, que os sentimentos retornariam aos poucos, não retornaram.
Continuou gritando, chorando, chorando, gritando, aos poucos nem ela mais sabia o que estava fazendo, percebera que tudo era inútil, pois enquanto ela se desesperava por ter a consciência que perdera o amor de sua vida, ele apenas a olhava com um olhar marejado, mudo, as vezes surdo, vazio, incompreensível. Pegou a sua bolsa e disse "ADEUS", ainda restava na pequena a esperança que ele dissesse "NÃO VÁ, EU TE AMO, ME PERDOE". Nada foi dito, era a deixa, o momento exato de sair. Não saiu, ficou parada em frente a porta, secando as lágrimas, e reavivando em sua memória, para se certificar que tudo estava guardado e intacto na memória.
Pediu ao moço, agora ele lhe parecia estranho, que dissesse ao menos uma palavra, qualquer suspiro valeria, pois ajudaria a tirar do seu peito esta angústia. Ele olhou fixamente em seus olhos, abriu os braços e pediu um beijo, um afago, um carinho qualquer, para relembrar nas noites frias. Ela olhou tristemente em seus olhos e fez o que ele havia pedido. A cena se encerrava ali, a imagem perfeita para o fim de um filme horrível, não indicado por ninguém, e inesquecível para os dois.


"Não, ela não era tola. Mas como quem não desiste de anjos, fadas, cegonhas com bebês, ilhas gregas e happy ends cinderelescos, ela queria acreditar. Até a noite súbita em que não conseguiu mais." Caio F. Abreu

4 comentários:

  1. AH! QUANTOS ADEUS TEMOS DE DIZER NESSA VIDA FELIZMENTE FELIZ ? QUANTOS AMORES? QUANTOS DESENCANTOS? QUANTOS...
    (...)A garota percebera enfim, que o amor não é um sentimento que pode ser imposto, que apesar de grande não suporta tudo, era insuficiente para os dois, por mais que ela há tivesse dito em algum momento da vida deles que o amor dela era tão grande que dava para os dois, que era sem fim, que precisava apenas dele, ainda que fosse da matéria, do corpo dele, que os sentimentos retornariam aos poucos, não retornaram. (...)
    E NUNCA RETORNARÃO!

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  2. Que estória triste.
    Amor é assim: uma palavra simples, difícil viver sem ele, todos querem-no pra vida, entretanto, não em sua completude. Todos querem o amor para desenhar os cantos que se misturam no ar, não para fazer florescer os desencantos que separam canções conjuntas.

    Linda estória... bjuss

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  3. O amor sempre é surpreendente, e as vezes, ele é triste. Porém, devemos sempre acreditar em um novo começo, que seja. Pois, quando acreditamos, temos fé. E quando temos fé, o universo conspira ao nosso favor. Quando acreditamos realmente, abrimos portas para a felicidade. Amei o post, o blog e tudo aqui. Parabéns. Um grande beijo.

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  4. O amor é mesmo surpreendente, um pouco triste, nos traz desenganos, mas muitas vezes surpresas...
    Ele é um grande brincalhão...
    Que bom que vocês gostaram. Beeijos

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