Hoje
acordei com aquele sentimento esquisito, um misto de vontade, saudade e
repulsa. Eu queria tanto ter você por perto, ouvir sua voz, sentir seu cheiro,
sua pele... Eu podia sentir sua presença, sabia que não era tarde para dizer
que é especial.
Enquanto
a louça sumia aos poucos da minha frente, eu via o seu reflexo nos copos e
as lágrimas corriam apagando sua imagem. Não é tarde, eu sei que não é
tarde e o único jeito de te encontrar é você permitindo, saindo de sua posição
contra a parede, brincado de esconde-esconde.
Sentada
embaixo da árvore, o tempo voa com o vento que me afasta de você. Já assisti a
esse filme, projetei tudo em minha mente e depois quebrei todos os arquivos
guardados, mas minhas lembranças teimam em retornar.
Diga-me
que o seu sentimento é forte o bastante para traze-lo de volta pra mim! O único
desejo que quis fazer foi este. Porém a louça era tão frágil quanto eu neste
momento, você foi bom, bonito, especial, mas caiu das minhas mãos e agora me
encontro no chão tentando reconstruir os pedaços e eu sinto que faltam pedaços.
Talvez se perderam ao cair no chão.
Como
o barulho da sua voz me perturbou, suas desculpas, mentiras, a muralha contra
mim, contra seus sentimentos e desesperos. Depois de muito tempo tentando
reconstituir e preservar seus pedaços eu percebi que nada daquilo fazia
sentido, que nada tinha mais tanto valor, nada de você, nada de nós, somente eu
e como me faz bem me desfazer desses cacos e cuidar somente de mim. Já é tarde,
tenho que sair e trocar a música, pois, enfim, pássaros cantam na minha
janela trazendo novos sons e levando consigo os demônios que tanto me perturbavam.
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